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O SONHO DE FAZER O CAFÉ DO REI

CALAMBAU COFFEE / CAFÉ CALAMBAU

Era um sonho cultivar na minha terra o “café do rei”.

Ninguém apostava na ideia. Diziam que em Itaúna “café não dá”, “não tem clima”, “aqui é terra de gado”, “quem plantou arrancou”.

Mas, eu só me lembrava de que a Dona Maria Magalhães lá do Retiro dos Farias. Ela plantava, colhia, torrava e coava o melhor café do mundo para mim.

Insistimos. Movidos pela lembrança, buscamos conhecimento, técnica, dedicação, soltamos a criatividade e deixamos rolar a intuição e a paixão.

Foi assim que numa de minhas viagens a trabalho, lá pros lados de Campos Altos/MG, eu não resisti. Joguei o paletó e a gravata no banco da camioneta e enchi a carroceria de mudas. O vendedor, Sr. Geovane, percebendo meu entusiasmo me garantiu as melhores mudas de Café Arábica/bourbon e disse que: em pouco tempo eu tomaria o melhor café da minha vida, que a paixão me contaminaria e que eu iria querer muito mais…

Assim que eu cheguei no Calambau em Itaúna, plantei e magicamente, as mudas em pouco tempo cresceram, floriram e frutificaram ainda jovens. Eu e minha esposa, manualmente colhemos, secamos, limpamos, torramos na panela, no moinho de ferro moemos e fizemos o nosso cafezinho. Hummmmm, foi festa! Na hora eu me lembrei do melhor café do mundo, aquele da Dona Maria e da profecia do Geovane de Campos Altos. Voltei lá e mesmo sem ter muita terra, comprei e plantei 5.000 mudas, uai!

Eu já sabia que o Calambau está numa altitude média de 900 a 1.000 metros, sobre terras onduladas, férteis, situadas num largo entre duas zonas cafeeiras internacionalmente reconhecidas, que tangencia o Quadrilátero Ferrífero, que está num bioma de transição do Cerrado e da Mata Atlântica numa das extensas vertentes da Cordilheira do Espinhaço, sob clima indicado para a produção de uma bebida única do lugar.

Pois é! Um nanocafezal numa área ímpar tinha que ser orgânico, agroflorestal, artesanal, alimentado com biofertilizantes em convivência com a fauna variada e a sombreadora flora constituída de Mulungus, Ipês, Mamicas de porcas, ingás, quaresmeiras, coqueiros bravos, mutambeiras, bananeiras, abacateiros e outras frutíferas e nativas do Calambau.

Tudo natural e artesanal o café também teria que ser assim. Inclusive a secagem dos grãos teria que ser natural, livre de radiação UV e a tosta seria em minitorradora própria para uma bebida terroir. Tudo de forma caprichosa, orgânica, agroflorestal, artesanal. Um café apaixonante do chão a xícara para agradar ao Rei.

Marcos Penido, advogado, 57 anos, morador da comunidade rural de Calambau em Itaúna/MG.